Cachorro pode comer carne crua?

Muito se questiona se cachorro pode comer carne crua, e se ela pode ser prejudicial aos cães e gatos. Venha aprender mais sobre esse assunto.

Por Bettina Michalak – Médica Veterinária – CRMV-SC 5069

Você já se perguntou se oferecer carnes cruas aos seus pets é seguro? A preocupação com doenças e vermes é compreensível, afinal, queremos o melhor para nossos companheiros de quatro patas. Neste artigo, vamos explorar esse tema e desmistificar algumas preocupações comuns sobre a alimentação natural para pets.

Oferecer carne crua aos pets, também conhecida como alimentação natural crua ou raw feeding, é uma prática que tem ganhado popularidade entre tutores preocupados com a saúde e bem-estar de seus animais de estimação. Essa abordagem busca imitar a dieta que os ancestrais dos cães e gatos tinham na natureza, baseando-se em alimentos crus e minimamente processados.

A Natureza da Dieta Carnívora dos Pets

Cães e gatos são carnívoros, o que significa que sua fisiologia e anatomia estão adaptadas para uma dieta rica em carne. Na natureza, seus ancestrais se alimentavam principalmente de presas, incluindo carne, ossos e vísceras. Portanto, a carne crua é um componente natural de sua dieta.

Como Oferecer Carne Crua com Segurança

Embora a alimentação natural com carne crua tenha muitos benefícios, é importante fazê-lo com responsabilidade e segurança. Aqui estão algumas diretrizes essenciais:

1. Variedade: Ofereça uma variedade de fontes de proteína, incluindo carne vermelha, frango, peixe e órgãos. Isso ajuda a garantir que o pet obtenha todos os nutrientes necessários.
2. Higiene: Certifique-se de que a carne crua seja de fontes confiáveis e manipulada com higiene. Isso minimiza o risco de contaminação por bactérias.
3. Supervisão: Ao dar ossos crus, supervisione seu pet para evitar engasgos ou lesões.
4. Consulte um Veterinário: Antes de fazer a transição para uma dieta crua, consulte um veterinário para garantir que seja adequada para o seu animal de estimação, levando em consideração sua idade, tamanho e saúde geral.

 

E a Salmonella?

A Salmonella é uma bactéria que pode causar doenças em humanos, incluindo intoxicação alimentar, mas sua relação com cães é um pouco diferente devido às diferenças na fisiologia e na microbiota intestinal desses animais. Aqui estão algumas razões pelas quais a Salmonella não é necessariamente um risco significativo para cães:

1. Fisiologia Diferente: A fisiologia do trato gastrointestinal dos cães é adaptada para lidar com bactérias patogênicas, como a Salmonella, de maneira mais eficaz do que a dos seres humanos. O ácido estomacal canino é muito mais ácido do que o dos humanos, o que pode matar muitas bactérias antes que elas cheguem ao intestino.
2. Microbiota Intestinal: Os cães têm uma microbiota intestinal única que é capaz de competir e inibir o crescimento de patógenos, como a Salmonella. Essa flora intestinal equilibrada ajuda a manter o trato gastrointestinal dos cães relativamente resistente a infecções.
3. Resistência Natural: Muitos cães carregam naturalmente a Salmonella em seus intestinos, mas isso não significa necessariamente que eles ficarão doentes. Eles podem ser portadores assintomáticos, o que significa que a bactéria está presente em seu trato gastrointestinal, mas não causa doenças.
4. Imunidade Canina: O sistema imunológico dos cães é projetado para lidar com uma variedade de bactérias, incluindo a Salmonella. Se um cão saudável ingerir Salmonella, é possível que seu sistema imunológico consiga lidar com a infecção sem causar sintomas clinicamente visíveis.
5. Exposição Diária a Bactérias: Cães frequentemente se expõem a diversas bactérias em seu ambiente, seja lambendo o chão, cheirando objetos ou se limpando. Isso contribui para o fortalecimento de sua imunidade e resistência a infecções.

No entanto, é importante destacar que embora os cães possam ser mais resistentes à Salmonella do que os humanos, isso não significa que não haja risco. Cães imunossuprimidos, muito jovens, muito idosos ou com condições médicas subjacentes podem estar em maior risco de desenvolver sintomas de uma infecção por Salmonella.

Além disso, para evitar problemas de saúde, é essencial manter boas práticas de higiene ao lidar com alimentos crus ou qualquer coisa que possa estar contaminada com Salmonella, para proteger tanto os pets quanto as pessoas em contato com eles.

Outros riscos

É importante destacar a ameaça de parasitas e helmintos na carne crua. Esses organismos podem representar sérios perigos à saúde dos pets, o que justifica o congelamento profilático de carnes.

Parasitas e Helmintos na Carne Crua

1. Toxoplasma: Este parasita pode ser encontrado em carnes cruas e, quando ingerido, pode causar a doença toxoplasmose, que afeta tanto cães quanto humanos. Embora os cães geralmente sejam resistentes à toxoplasmose, ainda é um risco potencial.
2. Sarcocystis: Outro parasita encontrado na carne crua, a sarcocistose pode causar sintomas gastrointestinais, como diarreia e vômitos, em cães.
3. Neospora: Cães podem ser hospedeiros intermediários para o Neospora, que pode causar danos ao sistema nervoso e sintomas como fraqueza e paralisia.
4. Echinococcus: Este é um tipo de verme que pode infectar cães e causar a doença hidatidose, que envolve a formação de cistos nos órgãos internos.

Congelamento Perfilático: Uma Medida Preventiva

Para reduzir os riscos de infestação por parasitas e helmintos, muitos defensores da dieta de carne crua recomendam o congelamento profilático. Esse processo envolve congelar a carne por um período mínimo de três a cinco dias em um freezer doméstico antes de oferecê-la aos cães.

O congelamento em temperaturas abaixo de -18°C é eficaz para eliminar cistos de parasitas e ovos de helmintos, tornando a carne crua mais segura para o consumo dos pets. No entanto, é importante adquirir carnes de alta qualidade de fornecedores confiáveis, pois o congelamento pode não eliminar completamente todos os parasitas.

ma com que esses alimentos devem ser manuseados de forma segura.

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